Olof Palme (Sven Olof Joachim Palme), foi um político sueco e membro do Partido Operário Social-Democrata da Suécia. Ele atuou como primeiro ministro entre 1969 e 1976 e assumiu novamente o cargo entre 1982 e 1986, ano em que foi assassinado. Mas antes de falar sobre o crime em si, é importante entender quem foi e o que fez esse personagem que até hoje está presente na mente dos suecos.
Há quem diga que Olof Palme era polarizador e polêmico, acredito que tenha sido de fato. Era extremamente popular entre os esquerdistas e altamente detestado pela maioria dos liberais e conservadores. Sua postura em relação às políticas internacionais, principalmente no que se referia aos Estados Unidos, não agradava todo mundo. Era extremamente contra regimes autoritários e imperialistas como os governos de Francisco Franco na Espanha, Leonid Brezhnev na União Soviética, António de Oliveira Salazar em Portugal.
Palme foi firme na sua política de não-alinhamento em relação às superpotências e apoiou diversos movimentos de libertação dos países de terceiro mundo. Foi o primeiro chefe de governo a visitar Cuba depois da revolução.
Por causa do seu posicionamento político se tornou um dos maiores exemplos da Social-Democracia Escandinava, pois conseguiu conciliar a economia de mercado com um Estado social. Em seus anos de governo a Suécia fortaleceu a economia e os níveis de assistência social foram os mais altos do mundo.
E o que ele fez pela Suécia?
Primeiro Olof quis expandir a influência dos sindicatos sobre a propriedade das empresas, o que causou um grande mal estar entre os empresários.
Em seguida, propôs diversas reformas trabalhistas que aumentavam a estabilidade no emprego, os direitos dos trabalhadores e aumentava muito a participação dos sindicatos. Por exemplo, o sindicato passou a ser consultado sobre períodos de aviso prévio e motivo de demissão. Além disso, o sindicato também passou a revisar a introdução de novas tecnologias que visam a saúde e a segurança dos trabalhadores. Ou seja, qualquer decisão tenha que tomar em relação aos trabalhadores deve passar pelo crivo dos sindicatos.
Na educação, criou um sistema de empréstimo e benefícios para estudantes, aprovou a lei que estabelece a admissão gratuita em universidades.
E acho que posso afirmar que a Suécia, como conhecemos hoje, é resultado das políticas implementadas por Olof. O sistema de imposto individual (aqui não tem esse negócio de dependente, cada um responde por si mesmo) e as taxas de impostos. Ele também era defensor da igualdade de gênero e do meio ambiente. Tudo o que vemos ganhando força na Suécia até os dias de hoje.
O assassinato
Olof Palme foi assassinado em 1986 no centro de Estocolmo, mais precisamente na rua Sveavägen, quando saía do cinema com sua esposa por volta das 23h, no dia 28 de janeiro, por opção Olof não contava com serviço de segurança pessoal.
Até pouco tempo tudo era um mistério e há diversas teorias sobre o crime, que envolvem desde os serviços secretos sul-africanos até o movimento curdo do PKK.
Nos 34 anos de busca e investigação tiveram mais de 3600 dossiês sobre o caso, aproximadamente 130 pessoas confessaram o crime
No ano do assassinato, Christer Pettersson foi identificado por Lisbeth Palme como o autor dos disparos e em 1989 ele foi condenado à prisão perpétua. Porém, no mesmo ano ele foi absolvido por falta de provas e erros no processo policial.
Caso encerrado
E finalmente, depois de 34 anos de mistério, hoje a polícia encerrou de vez o caso com a verdadeira identidade do assassino: Stig Engström.
A polícia chegou ao suspeito após o jornalista Thomas Petterson enviar novas informações aos investigadores em 2017. Foram 12 anos de pesquisa, que resultaram no livro “Den osannolika mördaren: Skandiamannen och mordet på Olof Palme” (O improvável assassino: o homem de Skandia e o assassinato de Olof Palme). O livro foi publicado em 2018.
Stig Engström trabalhou como designer gráfico e consultor de publicidade na companhia de seguros Skandia, e o escritório estava localizado perto da cena do crime. Engström, que cometeu suicídio em 2000, atuou como testemunha, mas não atraiu muito interesse dos investigadores.
De acordo com a polícia, após receberem as informações do jornalista as investigações foram retomadas. Thomas Pettersson foi interrogado, testes de DNA foram feitos nos parentes de Stig e testaram armas de fogo ligadas a um dos amigos do suspeito até então.
Segundo uma entrevista de Thomas para um jornal local, Stig Engström era amigo íntimo de um colecionador de armas que possuía armas relevantes para o assassinato. E que Engström tinha passado militar e participou de competições de tiro.
No inicio desse ano a polícia teria realizado buscas no antigo apartamento do assassino, onde atualmente mora uma família e teria encontrado a arma do crime. Mas a confirmação da autoria do crime foi anunciada apenas hoje, 10 de junho de 2020.
E sobre o motivo do crime? Sabe-se algo?
CurtirCurtir
Não. Inclusive, os suecos estão bem chateados com isso. Levaram 34 anos para simplesmente divulgarem o nome de homem que já morreu.
CurtirCurtir